Filosofia da ciência é a área da filosofia que pergunta sobre a
ciência, de quais ideias parte, qual método usa, sobre qual fundamento e
acerca de suas implicações. Apesar destes problemas gerais, muitos
filósofos escreveram sobre algumas ciências particulares, como a física e
a biologia. Não apenas se utiliza a filosofia para pensar sobre a
ciência, como se utiliza resultados científicos para pensar a filosofia.
Não existe determinada ciência que faça parte dos estudos da filosofia
da ciência. As ciências naturais (ex.: biologia, química e física),
formais (ex.: matemática, lógica e teoria dos sistemas), sociais (ex.:
sociologia, antropologia e economia) e aplicadas (agronomia, arquitetura
e engenharia) já foram objetos de estudos filosóficos.
Historicamente, já na Grécia Antiga se pensava sobre a ciência.
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), por exemplo, escreveu sobre a origem da
vida, afirmando a possibilidade de existir vida a partir de algo
inanimado. A teoria da abiogênese (geração espontânea) que ele defendia
perdurou por diversos séculos. Além da origem da vida, Aristóteles
também se preocupou em elaborar um meio de estudar as espécies, sendo
ele o primeiro a propor uma divisão do reino animal em categorias.
No decorrer da história, a figura mais importante para a filosofia da
ciência é Francis Bacon (1561-1626), filósofo inglês responsável pela
base da ciência moderna, o método indutivo. A indução, método de a
partir de fatos particulares chegar a conclusões universais, já existia,
mas é Bacon o responsável por seu aprimoramento e divulgação.
Após Bacon, muito se pensou e escreveu sobre a ciência, especialmente
devido aos avanços e descobertas dos séculos seguintes. René Descartes
desenvolveu seu método, houve as contribuições e discussões de Galileu
Galilei, Isaac Newton, Gottfried Leibniz e outros. Deste aumento
considerável de pensadores que detiveram tempo acerca do campo da
filosofia da ciência pode-se escolher alguns para comentar suas
importantes ideias. Entre eles, David Hume e Karl Popper.
David Hume (1711-1776), filósofo escocês, criticou fortemente as bases
da ciência e da filosofia. A partir do pensamento de John Locke
(1632-1704), Hume levou o empirismo, isto é, a ideia de que todo o nosso
conhecimento tem origem na experiência (nos cinco sentidos), até as
últimas consequências. Para ele, se nosso conhecimento ocorre após a
experiência significa que não podemos deduzir eventos futuros. Significa
dizer que não há nada no mundo que garanta que as leis que regem o
universo hoje serão as mesmas amanhã. Por mais que o homem observe há
milênios o sol aparecer todos os dias, nada garante o seu aparecimento
amanhã, e por isso a ciência não pode tomar suas conclusões como
verdades absolutas.
No século XX, o filósofo austríaco, Karl Popper (1902-1994) criticou a
forma de fazer ciência a partir da indução, o método defendido por
Bacon. Para Popper, o método indutivo não garante a validade de suas
conclusões. Afirmou isso, pois não é possível ter acesso a todos os
fatos particulares para ser possível chegar a conclusões. Um cientista
pode observar cisnes durante 20 anos e perceber que todos os cisnes
observados são brancos, mas ele não pode concluir que “todos” os cisnes
são brancos. Se ele concluir isto, bastará a existência de apenas um
cisne negro para invalidar sua tese. Com isto, Popper defenderá que o
papel da ciência é falsear as suas conclusões a partir do método
dedutivo, partindo de conclusões universais para a verificação
particular. O papel da ciência é verificar se suas conclusões são
verdadeiras, tentando falseá-las com a experimentação.
Filipe Rangel Celeti
Colaborador Mundo Educação
Bacharel em Filosofia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP
Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP